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Muitas vezes o terno que um homem usa mostra muito como estão suas ideias.

No começo dos anos 90, fui convidado por um grande grupo empresarial para fazer uma série de palestras pelo Brasil para falar para as suas equipes sobre os novos caminhos que a companhia iria tomar.

O convite para as palestras veio do diretor de treinamento do grupo. Inicialmente marcamos um almoço em um restaurante da moda e embora tivesse ouvido muito falar dele eu não o conhecia pessoalmente.

Ele chegou em um carro importado (que naquela época mostrava o muito mais o status de uma pessoa do que nos dias de hoje), vestido com muita elegância, mas apesar de tanta sofisticação, pude descobrir um profissional muito simples e com ideias muito avançadas.

Passamos a viajar juntos e em uma das viagens de avião que fizemos juntos, ele me disse que o status profissional de um homem representado pelo terno que ele usava. No caso dele sempre mandava fazer os seus ternos, com um alfaiate renomado e com tecidos especiais. Para ele, isso era a marca que definia quem ele era profissionalmente.

Na hora, até fiquei meio sem graça, porque eu nunca pensei dessa maneira, e sempre fui muito simples no meu modo de me vestir. Gosto muito de um blazer, de uma calça bem à vontade, de andar bem arrumado, mas nada de muito sofisticado.

Porém, aquela história ficou na minha cabeça. Comecei a pensar nos ternos e vestidos como símbolo de status inclusive passei a incorporar gravatas sofisticadas em meu vestuário. Nunca mais fui sem blazer nas reuniões de negócios.

Fizemos dez palestras em cidades diferentes e ele me iniciou no mundo das organizações. Sempre com muito cuidado me explicou como entender uma organização, se apresentar nos eventos e como fazer as negociações. Certamente ele foi a pessoa que me apresentou ao mundo das organizações de uma maneira profunda e por isso eu serei eternamente grato por ter tido esse trabalho.

Depois de alguns anos sem nenhum contato pessoal,  recebi um telefonema dele me contando que havia saído daquele grupo empresarial, e que estava indo trabalhar em uma das grandes consultorias do Brasil, que o convite era irrecusável,  ele estava cansado dos jogos de poder da empresa e estava partindo para um novo desafio. Achei um péssimo negócio para a sua carreira mas como respeitava a sua inteligência elogiei a sua decisão.

Depois de algum tempo me convidou para um café e quando o encontrei, percebi que o terno dele já não tinha o caimento dos que ele usava antigamente. Já era um terno comprado pronto em um dos grandes alfaiates mas não feito sob medida.  Mas o que mais me chamou a atenção é que percebi que as ideias dele estavam ultrapassadas e que ele reclamava muito da vida e das dificuldades.

Senti vontade de falar para ele que o mundo tinha mudado, e que continuava mudando, e por isso ele precisava se atualizar para estar bem preparado. Mas ele falou o tempo todo e eu não fiquei a vontade para comentar nada em profundidade.

Mais um tempo se passou, e o encontrei novamente. Dessa vez, ele me contou que havia saído daquela empresa porque estava montando a própria empresa de consultoria. Deu uma série de explicações para ter tomado essa decisão, mas a principal: que era momento de empreender o seu próprio negocio me deixou preocupado porque me pareceu que ele estava abrindo a sua empresa porque não estava arrumando um emprego a sua altura.

Só que percebi dessa vez que ele usava um terno muito simples, comprado pronto em algum desses grandes magazines.

Há alguns meses, ele me ligou e marcamos uma conversa. Nos encontramos e ele me disse que tinha fechado a sua empresa,  porque estava sem trabalho, era muito difícil, havia muita concorrência, e  que na verdade não tinha vocação para ser empresário.

Contou-me também que estava se separando de sua esposa e que estava tomando remédios, pois sua pressão estava alta e seus exames não estavam bons.

Daquela vez, o terno dele já estava bem surrado. Mas o que mais me chamou a atenção foram as ideias dele, que estavam totalmente fora da realidade do mundo dos negócios.

Percebi a sua angústia, vi que ele controlou a queda de algumas lagrimas e então desabafou que havia vendido todo o seu patrimônio, estava com dívidas, e me pediu para ajudá-lo a se recolocar no mercado de trabalho.

Meu coração estava estraçalhado, pois era triste ver um amigo e profissional que eu respeitava naquela situação! Pensei como alguém como ele poderia ter tido uma queda tão vertiginosa na vida.

Respondi que iria ajudá-lo a se recolocar sim, mas que antes ele precisaria aprender a ver como as empresas e os profissionais pensavam e agiam para ter sucesso no mundo de hoje.

Sugeri que ele deixasse de lado alguns hábitos e crenças que já não tinham serventia e não estavam mais adequados à sua nova realidade. Contei a ele uma pequena história, para explicar o que eu estava dizendo:

“Um monge chamou o seu discípulo e juntos foram tomar chá. Depois de algum tempo de conversa, o mestre percebeu que o discípulo não estava compreendendo o que ele ensinava.

A mente do discípulo estava cheia de conceitos e crenças que iam contra o que o mestre estava dizendo, por isso ele não compreendia.

Num dado momento, o mestre resolveu que tomariam vinho. Tomou a sua xícara e jogou fora o chá. Depois a encheu com vinho. Então, ordenou ao discípulo que fizesse o mesmo.

Enquanto tomavam o vinho, o mestre explicou pausadamente: Para beber vinho numa xícara cheia de chá é necessário primeiro jogar fora o chá, para depois colocar o vinho.

Pois é assim também com sua mente. Enquanto você não jogar fora seus velhos conceitos e crenças, não vai colocar nela o que estou lhe ensinando.”

Meu amigo, sorriu, sinalizando que tinha entendido minha mensagem. Ele aceitou a minha proposta e começamos a trabalhar.

Autor: Roberto Shinyashiki

 


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